mente

04/14/2009

e

eu

ia dizer

que não existe

lugar perfeito


secamente

04/14/2009

entra e não sai


intrinsecamente

04/08/2009

ah! faz de conta que te dei um tapa


03/31/2009

se eu fosse escrever um livro

seria algo muito complexo
inventaria uma história de tramas e tremores
que iria se expandindo
expandindo

e sumindo
desaparecendo aos poucos
evaporando em si mesma
vapores novelísticos de primeiríssima qualidade

seria simples assim

só não seria um poema
pois isso sim é mais simples

ainda


03/06/2008

ela não conseguiu dizer até logo.

enquanto isso, sentada à mesa, desenhava com migalhas sobre a toalha escura. tracejava farelos em torno da faca. da colher.

não olhava nada. adivinhava nada. cega do seu futuro. perdida do seu presente.

o bilhete que ela escrevera não dizia nada. nem até logo.

o bilhete em branco diante dela. ali, naquele espaço despedaçado.

não, não seria possível até logo.

e ela


01/29/2008

dilema

o que também não resolve
mas ao menos é amor


09/26/2007

Me and Miss Mandible

“Miss Mandible wants to make love to me but she hesitates because I am officially a child; I am, according to the records, according to the gradebook on her desk, according to the card index in the principal’s office, eleven years old. There is a misconception here, one that I haven’t quite managed to get cleared up yet. I am in fact thirty-five, I’ve been in the Army, I am six feet one, I have hair in the appropriate places, my voice is a baritone, I know very well what to do with Miss Mandible if she ever makes up her mind.

In the meantime we are studying common fractions. I could, of course, answer all the questions, or at least most of them (there are things I don’t remember). But I prefer to sit in this too-small seat with the desktop cramping my thighs and examine the life around me. There are thirty-two in the class, which is launched every morning with the pledge of allegiance to the flag. My own allegiance, at the moment, is divided between Miss Mandible and Sue Ann Brownly, who sits across the aisle from me all day long and is, like Miss Mandible, a fool for love. Of the two I prefer, today, Sue Ann; although between eleven and eleven and a half (she refuses to reveal her exact age) she is clearly a woman, with a woman’s disguised aggression and a woman’s peculiar contradictions. Strangely neither she nor any of the other children seem to see any incongruity in my presence here.”

Donald Barthelme


09/18/2007

eu não sei
como anda o homem
mas
ele
está sozinho

a casa o tanque o azul
já se foram
a rua não mais
o olhar é memória

a criança
brinca
distraidamente ansiosa
finge
não saber

o grande barco vermelho
flutua
diante de sua memória

ele sabe


08/31/2007

tenho pensado seriamente em montar uma banda

pra fazer um silêncio


08/03/2007

da paixão
que nasce
do diálogo dos olhos
numa conversa a quatro
em uma festa

qualquer